Capítulo 2
FACTORES DE RISCO
Conceitos
A ateroesclerose é uma doença
multifactorial – é devida à acumulação de
factores de risco.
Factor de risco indica qual
o aumento de susceptibilidade à doença causado por um determinado agente.
Exprime-se em termos de risco
relativo – coeficiente exprimindo o
aumento de risco que um determinado agente pode causar numa pessoa em relação a
outra considerada normal.
Quanto mais factores de risco,
maior será o risco de incidência da doença (Quadro
2.I).
Quadro 2.I
Número
de factores de risco e doença coronária
___________________________________________
Número de factores % de incidência
1
11
2
20
3
25
4
77
A
associação de factores de risco aumenta
a incidência. No quadro 2.II indicamos os riscos da associação hipertensão –
colesterol.
Quadro 2.II
Riscos da associação hipertensão-colesterol
Se houver
tabagismo deve-se multiplicar por 1,4 para 10 cigarros dia, por 1,9 para 20 e
por 2,5 para 30.
Principais factores
de risco
Endógenos
Influenciáveis:
Dislipémias
Colesterol
Hipertensão
Obesidade
Não
influenciáveis:
Idade
Sexo
Factores
genéticos
Estilo de vida
Alimentação
Tabagismo
Actividade
física
Stress
Doenças
Diabetes
Hipertensão
Prevalência
Nos Estados
Unidos em 2005 havia 73 milhões de hipertensos
Quanto mais elevada for a hipertensão, maior será a incidência
de doença coronária .
Considera-se
normal uma pessoa que tenha uma pressão diastólica inferior a 8,5 e uma
sistólica inferior a 13. A partir daí há hipertensão, considerando-se vários
graus de gravidade .
Graus
de hipertensão
Classificação Diastólica Sistólica
Normal
»8,5 «13
Borderline
8,5-8,9 13-13,9
Moderada 9-9,9 14-14,9
Grave
10-10,9 15-15,9
Muito
grave » 11 »16
Até aos 45 anos a hipertensão é
mais frequente no homem que na mulher. Entre os 45 e 64 os valores igualam-se.
A partir dos 65 é mais frequente na mulher
Fig. 2.4 -Relações da
hipertensão com o sexo
Nas mulheres
tomando contraceptivos orais a hipertensão é mais frequente
A hipertensão está relacionada
com a raça – é muito mais prevalente na raça negra
Hipertensão e obesidade
A
obesidade está relacionada com a hipertensão(fig. 2.6) e desce com a
redução do peso
Fig.
2.6 -Relações da hipertensão com a obesidade
Sal e
hipertensão
Muitos estudos epidemiológicos relacionam a prevalência da
hipertensão no mundo ocidental com o consumo de sal.
Argumentos relacionando o consumo de sal com
a hipertensão
- Nas populações em que não há hipertensão o consumo de sal é inferior a 5gr /dia
- A prevalência da hipertensão está relacionada com o consumo de sódio
- No sangue e células de muitos hipertensos o sódio está aumentado
- A restrição de sódio baixa a tensão
- Há estirpes de animais hipertensos em que a restrição de sódio baixa a tensão
No mundo ocidental o consumo de
sal é o dobro do recomendado
Um estudo recente mostra que em Portugal o consumo de sal é
de 12g/dia em vez dos 5 recomendados
Causas do consumo de sal:
- Palatabilidade
- Conservação de alimentos
- Charcuteria e enchidos
- Comida enlatada
- Glutamato
- Queijo
- Aguas gasosas
- Refrigerantes
- Comprimidos efervescentes
Para dar um exemplo 200g. de pão,
1 litro de água gasosa e 100g. de presunto equivalem a 20g. de sal
Sensibilidade ao sal
Nem todas as pessoas respondem da
mesma maneira a um consumo elevado de sal. A resposta ao sal a resposta é muito
mais elevada na raça negra.
Pensa-se que cerca de 17% dos brancos é sensível ao sal
Esta sensibilidade parece dever-se ao não funcionamento da
bomba de sódio provocando um aumento do sódio intracelular com aumento da
resistência periférica .
Colesterol
O colesterol deve ser o factor de risco mais conhecido e
mais bem estudado.
Argumentos
- O
colesterol encontra-se na placa de ateroma
- É
possível provocar ateroesclerose em animais pela administração de dietas
ricas em colesterol
- Estudos
genéticos mostraram na hipercolesterolémia familiar homozigótica uma
relação directa entre hipercolesterolémia e morte coronária prematura
- Inúmeros
estudos de prevenção primária e secundária mostram resultados concludentes
Acção sobre os
lipidos:
Nos fumadores os triglicéridos
estão aumentados e as HDL diminuídas
Há alterações estruturais das HDL
e VLDL e baixa das HDL2. e não há aumento de HDL após o exercício.
O tabagismo aumenta o
fibrinogénio que normaliza com a cessação de fumar.
O fumo de cigarros inibe a bomba
de sódio, aumentando a sensibilidade ao sal.
Tabagismo
Epidemiologia
Embora estejam demonstradas as
relações entre tabagismo e cancro do pulmão, a doença cardiovascular é a maior causa
de morte nos fumador
O tabaco é fumado em todos os
continentes mas com diferenças nas quantidades e na distribuição pelos sexos
Smoking prevalence by gender
|
||
Percent smoking
|
||
Region
|
Men
|
Women
|
29
|
4
|
|
35
|
22
|
|
35
|
4
|
|
46
|
26
|
|
44
|
4
|
|
60
|
8
|
aConsumo de tabaco em Portugal
Idades Homens Mulheres
15-24 31,7 16,5
25-34 39 17,6
35-44 44,6 21,2
45-64 34 12,6
65-74 12,7 1,5
75-84 7,8 0,2
Fisiopatologia
Nicotina:
- Libertação de catecolamina
- Acção obre os quimioreceptores
- Acções
inotrópica e cronotrópica positiva
- Lesão
do endotélio
- Proliferação
do conjuntivo arterial
Monóxido de carbono
O monóxido de carbono forma-se
por combustão incompleta dos compostos orgânicos do tabaco, aparecendo no
sangue como carboxihemoglobina. A formação de CO é menor nos fumadores de
charutos e de cachimbo.
A maior parte dos fumadores tem
carboxihemoglobina elevada (fig 2.11).
fig. 2.11 -Tabagismo e
carboxihemoglobina(% com valores superiores a 2,1%)
Este aumento de
carboxihemoglobina tambem foi observado em macacos expostos a fumo de
cigarros.
Os coelhos
sujeitos a dieta aterogénica têm maior incidênciade ateroma quando expostos a
CO. A exposição de artérias perfundidas ao CO aumenta a captação do
colesterol.
A elevação do
teor em carboxihemoglobina provoca um
desvio para a esquerda da curva de dissociação, reflectindo-se numa menor
disponibilidade de oxigénio.
|
Acção sobre os
lipidos:
Nos fumadores os triglicéridos
estão aumentados e as HDL diminuídas
Há alterações estruturais das HDL
e VLDL e baixa das HDL2. e não há aumento de HDL após o exercício.
O tabagismo aumenta o
fibrinogénio que normaliza com a cessação de fumar.
O fumo de cigarros inibe a bomba
de sódio, aumentando a sensibilidade ao sal
Os efeitos do
CO reflectem-se não só nos fumadores mas tambem nos não fumadores quando
colocados num ambiente fechado com fumadores.
|
Em ambientes não ventilados a
carboxihemoglobina aumenta tanto nos fumadores como nos não fumam .
A concentração em hemoglobina
numa sala não ventilada aumenta com o tempo de exposição
fig.2.15 -Carboxihemoglobina
numa sala não ventilada
Outros componentes
Componentes do tabaco
Gases:
- CO
- CO2
- Óxidos azotados
- Amónia
- Acroleina
- Nitrosaminas voláteis
- Compostos sulfurados voláteis
- Ácido cianídrico
- Nitritos
- Hidrocarbonetos voláteis
- Álcoois
- Acetaldeido
- Acetona
- Acetonitrilo
- Benzeno
Partículas:
- Nicotina
- Nitrosaminas não voláteis
- Aminas aromáticas
- Isoprenoides
- Crisenos
- Antracenos
- Fluorantrenos
- Aza-arenos carcinogénicos
- Fenóis
- Cresois
- Naftois
- Naftalenos
Obesidade
Avaliação
Têm-se proposto muitas fórmulas para apreciar a
obesidade relacionando o peso com a
altura, sendo
a mais usada a de LORENZ:
P= A-10
a mais usada a de LORENZ:
P= A-10
Actualmente é utilizado
universalmente o índice de massa corporal(peso em kg/ quadrado da altura em
metros).
Utilizando este índice podemos
distinguir quatro classes:
LEVE: 10´20
MODERADA: 20-25
INTRNSA: 25~100
MACISSA: 100 ou m
LEVE: 10´20
MODERADA: 20-25
INTRNSA: 25~100
MACISSA: 100 ou m
Para desvios
ponderais iguais as complicações são
mais marcadas no homem devido às características diferentes de gordura –
gordura andróide no homem e ginoide na mulher
|
No homem a distribuição da
gordura é abdominal e os adipocitos são muito sensíveis à lipase com a
consequente produção de ácidos gordos que se poderão transformar em
triglicéridos.
Prevalência da obesidade
Obesidade em Portugal
Idade
Excesso de peso Obesidade
18-24 7,7 6,1
25 -34 14,3 9,8
35-44 17,1 13,7
45- 54 25,3 24,4
65-74 24,2 22,6
dados da D.G.S.(www.dgs.pt)
A obesidade aumenta com a idade.
Obesidade como factor
de risco:
A esperança de visa é menor nos
obesos, razão que levou as companhias de seguros a aumentar os prémios para os
obesos.
O estudo de Framingham,
correspondendo a um follow-up de 24 anos,mostra uma relação entre obesidade e
doença coronária
Há uma relação entre
índice corporal e gravidade da
doença coronári
Esta relação deve-se à associação inerente da
obesidade com outros factores de risco:
Diabetes
A mortalidade cardiovascular representa 75%daa causasc de morte, sendo maiot nas mulhrres
Diabete e lipoproteina
O papel da insulina no metabolismo das lipoproteinas parece srt
Sedentarismo
O risco de doença coronária é maior nos seden
|
Macacos não sujeitos a exercício
desenvolvem ateroesclerose.
Um estudo feito nos Estados
Unidos mostrou que se deve fazer 30
minutos de actividade moderada 5 vezes por semana ou 20 minutos de actividade
vigorosa 3 vezes por semana.
Tensões psico-sociais
O stress é um factor de risco
importante particularmente em pessoas com comportamento tipo A – indivíduos com
ambição, agressividade, competitividade e sentido de urgência do tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário