sábado, 18 de fevereiro de 2017

Metabolismo das lipoproteinas

Capitulo 6
METABOLISMO DAS LIPOPROTEINAS


O metabolismo das lipoproteinas é o reflexo das apoproteinas que as constituem. É portanto lógico estudar o seu metabolismo integrado no das apoproteinas.


Digestão dos lipidos

Esteres do colesterol

Os esteres do colesterol são hidrolisados pela colesterol esterase  em colesterol e ácidos gordos . O colesterol é absorvido pelas células intestinas na presença de ácidos gordos




Fosfolipidos

As fosfolipases hidrolisam os fosfolipidos originando uma molécula com menos um ácido gordo (lisolecitina no caso da lecitina) e ácidos gordos







Triglicéridos

No intestino a lipase pancreática hidrolisa progressivamente os triglicéridos com formação progressiva de ácidos gordos, di e monogliceridos




cortesia de Dick Bowen




Destino dos ácidos gordos

Os ácidos gordos libertados terão destinos diferentes conforme o comprimento da sua cadeia

Ácidos gordos de curta e média cadeia

Estes ácidos têm um numero de atomos de carbono inferior a 12 e representam uma percentagem reduzida da totalidade dos ácidos gordos. Não são absorvidos pela célula intestinal, entrando directamente para a veia porta 

Ácidos de longa cadeia

São absorvidos pela célula intestinal, necessitando estar sob a forma de micelas, para o que são necessarios ácidos biliares 



Destino dos acidos gordos


Micelas





Formação de quilomicra

Os acidos gordos são transformados no retículo liso da célula intestinal em triglicéridos, combinando-se com apoproteinas para formar quilomicra






Embora a Apo A seja a apoproteina major dos quilomicra apo B-48 é necessária para a formação dos quilomicra. Alguns minutos após a ingestão de gorduras há aumento da síntese de  apo B-48. Por outro lado na   a-b-lipoproteinemia (doença em que falta apo B) não se formam quilomicra.









cortesia de E.Harris


Maturação dos quilomicra

Os quilomicra nativos são ricos em triglicéridos, tendo pouco colesterol. A  maturação começa na linfa onde recebem colesterol livre e algumas apoproteinas, mas as modificações mais importantes fazem-se na circulação sistémica:

Aquisição de apo C  proveniente de outras lipoproteinas

As apoproteinas provêm em especial das HDL . Esta aquisição modula a lipólise pois que a apo C-II é o cofactor da lipoproteina lipase


Hidrólise dos trigliceridos pela lipoproteina lipase

As partículas são sequestradas no endotélio por fusão com os fosfolípidos da membrana externa da membrana, dando assim a possibilidade de o enzima actuar sobre os triglicéridos no interior da molécula. Como consequência da hidrólise liberta-se apoproteina A-I, utilizada na formação de HDL2 a partir das HDL3 e alguma apo C.
Devido a esta intervenção formam-se os remanescentes dos quilomicra, partículas pobres em trigliceridos e ricas em colesterol




Aquisição de apo E pelos remanescentes

O enriquecimento em apo E permite o reconhecimento destas particulas pelos receptores pois estes não reconhecem a apo B-48


Captação dos remanescentes

Cerca de 25 a 30% dos remanescentes são captados pelos receptores BE. Admite-se a existência de dois outros receptores para a apo E - os receptores E e a LRP (LDL receptor related protein).


Catabolismo dos quilomicra na medula óssea

Embora a maior parte do catabolismo se faça no figado, estes tambem são metabolizados na medula óssea, tendo-se-lhe atribuído os significados seguintes:

·      Fornecimento de lipidos como fonte de energia para a síntese da membrana durante a hematopoiese
·      Manutenção de um nível adequado de lipidos - O turnover de ácidos gordos nos adipocitos da medula é muito maior que nos outros adipocitos. Os triglicéridos são utilizados como fonte de energia durante a proliferação celular e há uma relação inversa entre  o conteudo  nos adipocitos e a hematopoiese
·      Libertação de vitaminas liposoluveis como a vitamina A


Metabolismo da apo B-100


Formação das VLDL

A sua formação é muito semelhante à dos quilomicra. Os ácidos gordos libertados por hidrolise dos trigliceridos ou sofrem b-oxidação ou são armazenados como triglicéridos. Os ácidos gordos seriam captados pelos tecidos extra-hepáticos (músculo, tecido adiposo, coração) e numa menor extensão pelo fígado e resintetizados  em triglicéridos  no figado. Os triglicéridos dirigem-se para o retículo liso e depois para o aparelho de Golgii onde se combinam com a apoproteina B-100 sintetizada no reticulo rugoso para formar vesiculas de VLDL nativas que migram para a membrana basal.
As VLDL deixam as vesículas por exocitose indo para a circulação sistémica através dos espaços de Disse .

Ácidos gordos

Triglicéridos

Retículo liso

                               GOLGI
                                      ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­__________________________________                                              

Apo B100

Retículo rugoso

Vesículas de VLDL nativas

Exocitose

Espaços de Disse

Circulação



Maturação das VLDL

As VLDL nativas tornam-se maduras pelo enriquecimento em colesterol devido à acção da LCAT  e por transferência das HDL






Formação dos remanescentes das VLDL

A lipoproteina lipase hidrolisa os triglicéridos ao mesmo tempo que toda a apo A e grande parte da apo C é transferida para as HDL, recebendo em troca apo E
 No decorrer destas trocas a apo B-100 não é trocada pelo que os remanescentes das VLDL assim formados têm pouca apo A e apo C mas são ricos em apo B-100 e apo E ao mesmo tempo que são pobres em trigliceridos e ricas em colesterol esterificado.






cortesia do prof. William Christie


Estes remanescentes são geralmente descritos como IDL e b-VLDL. Para a maior parte dos autores os remanescentes habitualmente formados são as IDL, formando-se as b-VLDL  apenas após uma alimentação rica em colesterol.




Destino dos remanescentes das VLDL

Na maior parte dos animais os remanescentes são reconhecidos pelos receptores BE do figado . No homem só 50% têm este destino. Os remannescentes não  reconhecidos são  captados pelos receptores mas não internalisados , sendo os trigliceridos hidrolisados pela triglicerido lipase hepática formando-se as LDL nativas







Maturação das LDL

As LDL nativas perdem apo E e recebem colesterol para se transformarem na sua forma madura, muito rica em colesterol e contendo apenas apo B.


Catabolismo da apo B-100

Será estudado com os receptores:

Semelhança entre o metabolismo dos quilomicra e das VLDL

Há alguns pontos comuns entre o metabolismo destas duas lipoproteinas:

·      Transporte de trigliceridosOs quilomicra transporam trigliceridos alimentares (trigliceridos exogenos) e as VLDL trigliceridos de origem metabolica (Trigliceridos endogenos)
·      Necessidade da apo B para a sua formação, B48  no intestino e  B-100 no figado
·      Analogia na degradação . Tanto os quilomicra como as VLDL transformama-se em remanescentes - remanescentes dos quilomicra no primeiro caso, IDL e b-VLDL  no segundo




cortesia de J.M.Botto


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Metabolismo da apoproteina A

Transporte reverso do colesterol

As lipoproteinas contendo apo B têm a função de transportar lipidos para as células.
As contendo apo A transportam colesterol das celulas para o fígado para aí ser catabolisado - é o transporte reverso do colesterol



Este transporte reverso faz-se em três fases

·      Efluxo do colesterol  das celulas exta-hepaticas para o plasma.
·      Modificações intravasculares do colesterol por um processo envolvendo a LCAT e a transferência dos esteres do colesterol para a apoproteina B.
·      Transferência do colesterol para as células hepáticas.





Efluxo do colesterol

O efluxo do colesterol é determinado pela composição da membrana celular e das lipoproteinas aceitadoras

Composição da membrana

A natureza dos microdominios membranários envolvidos no efluxo do colesterol não é bem conhecida. O local mais provável parece ser representado por invaginações da membrana sem clatrina (caleolae) caracterisadas pela presença de caveolina. Nas caveolae encontra-se mais colesterol livre e fosfolípidos que nas outras partes da membrana. As caveolae tambem contêm proteina G provavelmente envolvidas na transdução do sinal induzido pelas HDL

Lipoproteinas aceitadoras

A eficiência do efluxo do colesterol depende também de diferenças no tamanho, fluidez e composição proteica das lipoproteinas aceitadoras
·      Tamanho. As particulas pequenas são mais efectivas que as grandes. Descreveram-se conforme as dimensões três subclasses de LpA-I, sendo as de dimensão menor muito mais efectivas.
·      Fluidez. O efluxo de colesterol aumenta com a fluidez das partíiculas. A insaturação e  a menor dimensão das cadeias dos ácidos gordos aumentam a fluidez
·      Composição. A apoproteina A-I é muito mais efectiva que a A-II e facilita o efluxo.

Modificações intravasculares

A transição estrutural das HDL nativas, discoides, em esteres do colesterol e trigliceridos, para HDL maduras, esféricas, com um núcleo central de esteres do colesterol é catalisada pela LCAT. No decurso desta conversão a apo E é substituída por apo A-II até a relação E/AI passar para 1/7.
O aumento de hidrofobia provocado pela esterificação do colesterol leva os esteres a moverem-se para o interior do disco originando a forma esferica e deixando na periferia espaço necessário para receber mais colesterol livre .






A particula formada  é a HDL3. A adição de material de superficie proveniente dos remanescentes dos quilomicra e VLDL e a acção da LCAT transforma-a em HDL2.
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Transferência do colesterol

As  HDL são captadas por receptores sendo os esteres do colesterol transferidos por retroendocitose ou por translocação.





cortesia de S.Conova


Na translocação as HDL nativas são captadas pelos receptores dos macrófagos e recebem o colesterol, tomando uma forma esférica




retroendocitose  é uma endocitose mediada por receptor. As HDL são captadas pelos macrófagos e recebem os esteres do colesterol. São necessários a CETP e a apo CI .




Intercambio das apoproteinas

Como vimos, no decorrer do metabolismo há um intercambio constante de  apoproteinas.
As apo B transportam o colesterol para os tecidos periféricos enquanto as apo E promovem o retorno do colesterol para o fígado.
As HDL são um depósito de apo C que quando cedida aos quilomicra e VLDL activa a lipoproteina lipase.
Pelo contrário as HDL recebe apo AI das partículas residuais que irá activar a LCAT.


Lipoproteinas e ateroesclerose
























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